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Vocês já ouviram a expressão validação emocional? Ela está cada vez mais popularizada, mas por vezes pouco entendida na sua profundidade. Por isso, hoje vou explicar o que é essa habilidade, como usá-la e aprimorá-la.

            Começamos com a seguinte pergunta: o que é validação? Validação é tomar perspectiva, enxergar uma situação a partir da experiência do outro, deixando de lado o seu ponto de vista. É se desapegar de qualquer julgamento que você tenha em mente. É perceber a expressão emocional do outro (pelo tom de voz, postura corporal e expressão facial) e comunicar, de forma gentil e amorosa, procurando checar se aquilo que você notou se aproxima do que a pessoa está sentindo.

            Mas o que se pode validar? É possível validar emoções, pensamentos, posicionamentos e opiniões, fatos de uma situação, sofrimentos, dificuldades e experiências das pessoas.

            Ok! Mas você pode estar se perguntando: por que dedicar tempo em validar? Porque é uma ferramenta de comunicação extremamente importante para melhorar as relações interpessoais, aproxima as pessoas e facilita a construção de confiança. Também é útil para baixar a ativação emocional do outro, pois ao passo que ele sente-se acolhido com atitudes validantes, a intensidade da emoção tende a baixar.

A validação tanto ajuda na relação com os outros como consigo mesmo (autovalidação). Funciona como uma via de mão dupla: tanto quem valida quanto quem é validado podem sentir os benefícios de atitudes validantes. As interações via validação tendem a desenvolver maior autoestima, diminuição do isolamento e o encorajamento a expressão emocional, bem como aceitação das experiências internas. Quando nos dispomos a sentir, estar presente, acompanhar o momento e entrar em sintonia (consigo ou com o outro), pode acontecer um dos efeitos da validação: a conexão!

            E como fazer para experimentar cada vez mais essa sensação? Aqui apresento seis níveis de validação que podemos praticar:

  1. PRESTE ATENÇÃO: esteja presente, ouvindo com atenção, olhando nos olhos, demostrando interesse, desapegando-se dos julgamentos (que irão aparecer na sua mente).
  2. REFLITA O QUE A PESSOA DISSE: repita o que escutou para se certificar que entendeu e se corrija se necessário. Use tom de voz gentil, sem pressão e cobranças. De mente aberta, procure entender o que a pessoa está passando.
  3. LEIA O NÃO DITO: esteja atento ao que não está sendo dito (expressão corporal e facial), comunique o que você observa para a pessoa e cheque se faz sentido para ela a sua percepção.  
  4. COMPREENDA: a experiência da pessoa com base no que você já conhece dela, história de vida e/ou sua situação atual.
  5. ACEITE O QUE É VÁLIDO: reconheça de que forma as respostas da pessoa são válidas, seja porque têm lógica aos fatos da situação ou são compreensíveis naquele cenário.
  6. DEMONSTRE IGUALDADE: trate o outro como igual, nem superior ou inferior que você. Não o trate como frágil ou digno de pena.

Tudo é prática. Com você e com o outro! Por isso, lembre-se:

                        – Validação envolve vários comportamentos que podem ser treinados, basta que a gente tenha disposição interna para sair da zona de conforto e se arriscar em algo novo.

                        – Evite tentar resolver o problema. Você pode oferecer ajuda ou esperar que a pessoa lhe peça o que necessita. Porém, faça isto após validar! Caso contrário, é provável que ela sinta-se invalidada.

A validação emocional é, então, a habilidade de prestar a atenção no que o outro expõe, refletindo sobre o fato, compreendendo (sem julgamentos) e validando. Ela tem a ver com empatia, pois demonstra muito como você age ou auxilia o outro perante problemas que, às vezes, você nunca passou. E, além disso, é benéfico para o outro, que se sente acolhido, entendido e cuidado.

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Leia mais sobre nesse texto: http://rafaelaklaus.com.br/como-ajudar-uma-amiga-tentante/

Referências:

Linehan, M. M. (2018). Habilidades de Regulação Emocional. Em Treinamento de habilidades em DBT: manual de terapia comportamental dialética para o terapeuta. Artmed. 2 edição.

Linehan, M. M. (2018). Habilidades de Regulação Emocional. Em Treinamento de habilidades em DBT: manual de terapia comportamental dialética para o paciente. Artmed. 2 edição.