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Você reconhece coisas, situações ou acontecimentos na sua vida que precisa aceitar?

O que você entende por aceitação? Resignação, passividade, pena de si mesmo?

Existem diversos significados, claro. Hoje, o ponto de vista que quero trazer sobre aceitação é o de parar de lutar. Você pode estar se perguntando: como assim? Eu explico.

Antes de mais nada, é preciso dizer que, quando nos deparamos com algo difícil na vida, temos a tendência de negar a situação. Essa negação da realidade é um processo bem comum, uma tentativa de se defender do que está ocorrendo ou “absorver” a situação.

Porém, há vezes que ficamos tão impactados com certo problema, que começamos a lutar contra ele, em forma de alguns pensamentos e questionamentos: “Mas por que comigo?”, “Por que logo agora?”, “Eu devo ter merecido isto mesmo”, “Não é possível! Deus não existe! Ele não faria eu passar por isto!”, entre outros. E todas essas expressões são representações da luta contra a realidade que está ali presente. Essa batalha interna que criamos em nós, e que acontece na maioria das vezes que algo difícil nos acomete, acaba por nos deixar mais cansados, pois despendemos energia em uma batalha que, na verdade, não nos leva a lugar algum (a não ser ao sofrimento e, por vezes, ao desespero). Portanto: “rechaçar a realidade não muda a realidade”.

Quando estamos em um momento delicado e doloroso da nossa vida, podemos sentir dor e sofrimento. Mas são dois processos diferentes. Sofrimento é luta, é se questionar constantemente, e isso amplia a dor. Já a dor faz parte da existência humana, é uma experiência que nem sempre pode ser evitada. Todos temos dores emocionais que nos afligem. Ela é genuína e, por mais que não seja agradável senti-la, é bem menos desconfortável que o desespero que podemos experimentar frente ao sofrimento. 

O que quero trazer aqui é que sentir dor é normal e, inclusive, esperado ao longo da vida. Já sobre o sofrimento, apesar de também ser presente nas nossas vidas, podemos tomar consciência dele para nos desapegar, para ter uma vida de mais qualidade, investindo energia no que realmente vale a pena! Quando conseguimos perceber que estamos lutando, podemos escolher sair da batalha ou continuar nela.

A partir do momento em que intencionalmente aceitamos alguns fatos da vida, a luta cessa. E quando isto ocorre, acontece uma mudança interna. O sofrimento vai diminuindo, mesmo que a dor permaneça ali. Mas agora, ela tem um novo significado, eu consigo olhá-la e me permito sentir a tristeza, o pesar ou a melancolia, e ao mesmo tempo consigo direcionar a minha mente e energia para coisas que são importantes na minha vida, apesar da presença da dor.

Vamos fazer um exercício? O convite é para reconhecer o que precisamos aceitar. Tome nota de duas coisas importantes (exemplo: dificuldade de engravidar, perda de uma pessoa importante) e duas coisas menos importantes (ter que acordar cedo para trabalhar, não conseguir ter férias no período desejado).

Classifique o quanto você aceita esses fatos na vida (de 0 a 5, sendo zero = nada de aceitação e 5 = total aceitação). Analise. Você pode trabalhar ainda mais na aceitação desses fatos? O que você escolhe agora: lutar ou cessar a batalha?