Você sente a necessidade de se expressar melhor ao fazer um pedido, manifestar a sua opinião ou dizer não a alguém?
Eu sinto! Por mais que venha trabalhando com habilidades interpessoais e de comunicação, reconheço que existem situações mais desafiadoras e que o treino não pode parar! Recebo feedback de colegas, pacientes e amigos ‘Tu fala super bem! É bem objetiva’. Aprecio os feedbacks e reconheço que consigo pedir ou dar negativas assertivas, porém quando faço isso sem expressar o que sinto, pode ser que saia um tanto atravessado, pois fui muito ‘direto ao ponto’.
Motivada pela busca em me comunicar melhor vou compartilhar alguns pontos que auxiliam a desenvolvermos uma comunicação mais fluida com os outros:
- Observe e descreva: observe seus pensamentos na interação, perceba seu processo mental e seu padrão de ‘ver as coisas’. Descreva a sua experiência em palavras, evitando julgamento.
Uma maneira boa de descrever é se ater aos fatos. Reconheça as interpretações em sua mente e guarde para si.
Interpretação: ‘Você vive deixando as coisas para depois.’
Descrição: ‘Você estuda na véspera das provas.’
Também é útil referir tempo e frequência dos comportamentos e não ser tão genérico, pois isso dá mais margem a interpretações.
Genérico: ‘Você nunca vem raramente aqui.’
Específico: ‘No último mês você veio duas vezes.’
2.Reconheça suas emoções e a dos outros: aqui é importante diferenciar pensamentos de emoções. Pensamentos são ideias que tenho a respeito de uma situação, emoções estão relacionados aos meus impulsos, aquilo que tenho vontade de fazer e que é possível sentir no próprio corpo.
Exemplo: Tenho um pensamento ‘Eu não quero mais isso para mim.’
E reconheço uma emoção de tristeza, pois noto meu corpo sem energia, uma vontade de ficar quieta e chorar.
Todos nós temos a habilidade de reconhecer nossas próprias emoções e a dos outros. Uma maneira de fazer isso é observar as expressões faciais, elas falam mais do que as palavras.
Exemplo: Quando sentimos tristeza, não fazemos muito contato visual com os outros e a expressão geral do rosto é mais caído, séria e sem sorriso.
Também considero importante ponderar que nós somos responsáveis por nossas emoções, os outros podem ser estímulo, não a causa. Então evite culpar a si e aos outros por sentir uma emoção na interação. Reconheça a sua experiência daquele momento e acolha.
Exemplo: ‘Você me deixou triste quando disse que não iria comigo.’
‘Eu percebo que fiquei triste quando você disse que não iria comigo.’
3. Reconheça suas necessidades e a dos outros: o reconhecimento das necessidades estão por trás das nossas emoções. Pergunte a si mesmo e ao outro na interação:
- ‘O que você precisa agora?’
- ‘O que é importante para você?’
- ‘O que está te faltando?’
- ‘O que você valoriza?’
Exemplo: Sentimento reconhecido tristeza
‘O que você precisa agora?’
a resposta pode ser: ‘Um abraço’ (necessidade de acolhimento).
A medida que reconhece o que você e o outro precisa, fica mais fácil seguir na conversa e tentar chegar a satisfação das necessidades.
4.Construa pedidos, negativas e negociações: reconheça qual sua prioridade na situação – alcançar seu objetivo com a conversa? O relacionamento é o mais importante nesse contexto? O seu autorrespeito é o que quer dar mais luz? Isso vai definir o ‘tom’ do pedir, negar ou negociar.
Exemplo: se sua prioridade nesse contexto específico for o autorrespeito, é provável que peça ou negue com mais intensidade do que se a relação for a prioridade.
Depois de definir sua prioridade, seja assertivo ao dizer o que pensa, quer ou deseja. Não imagine que o outro sabe o que você quer. Peça diretamente o que você quer ou o que você está negando. Ficar ‘dando voltas’ na conversa pode ser uma tentativa de amenizar o pedido ou a negação que pode não ser muito efetivo, pois não fica claro o que você está pedindo ou negando.
E lembre-se que uma boa negociação está voltada para decisões sábias pensando no longo prazo! Evite cair na tentação de ceder ou ficar rígida em uma posição sem avaliar as possíveis consequência no médio e longo prazo.
Em resumo:
Descreva seu contexto
Expresse o que sente, suas opiniões
Comunique-se com assertividade
Pense no longo prazo
Seja flexível!
Texto originalmente publicado por Rafaela Klaus em http://terapiascontextuais.com.br/o-que-fazer-para-se-comunicar-melhor/