Como se sentir em paz consigo mesmo? Trabalhe a autovalidação!
Outro dia falei sobre validação emocional, descrevi o que é e como usá-la. Ela está ligada a relações interpessoais, ou seja, como validar as emoções, pensamentos, comportamentos e posicionamentos do outro. Porém, também é possível utilizar da habilidade de autovalidação, ou seja, usar da validação na relação conosco mesmo. Validando nossas próprias emoções, pensamentos.
Essa habilidade torna-se especialmente útil em diversos momentos da nossa vida, como por exemplo, quando:
- não nos sentimos entendidos ou estamos sendo ignorados;
- estamos sendo mal interpretados;
- as pessoas não acreditam no nosso relato, mesmo que ele seja autêntico e verdadeiro;
- nossas experiências internas (sensações, sentimentos e pensamentos) não são levadas a sério;
- não temos ninguém com disposição para nos acolher.
E o que é, efetivamente, a autovalidação?
É a capacidade de se auto acolher frente a uma situação em que nos encontramos vulneráveis. É olhar para nós mesmos com amorosidade, procurando não nos julgarmos e nos cobrarmos tanto (pelo que fizemos ou deixamos de fazer). Essas são atitudes que podemos cultivar.
E como seria se colocássemos a intenção de fazer isto conosco mesmo? Estranho?
Eu explico. A ideia é simples (não disse fácil! rsrs)!
Validar a nós mesmos como fazemos com as outras pessoas. Particularmente, gosto de pensar assim: “O que a minha melhor amiga diria/faria para mim (nesta situação)?” Pensar em pessoas gentis pode ser útil para nos inspirar na nossa autovalidação.
Ou ainda: “O que eu diria para a minha amiga, se fosse ela nesta situação?” Muitas vezes, é mais fácil ser amoroso com o outro e mais crítico consigo, então tentar ver a situação por outro ângulo pode ajudar a se auto validar.
Passos para se auto validar:
1. Preste atenção em si mesmo (pensamentos, sensações, emoções, comportamentos);
2. Reflita e descreva seus pensamentos, sensações, emoções, comportamentos;
3. Fique atento às suas emoções e pergunte-se “O que preciso agora?”;
4. Procure compreender sua experiência, lembre-se que todo comportamento tem uma causa, eles não acontecem por acaso;
5. Reconheça o que é válido, mesmo quando os outros não estão conseguindo perceber;
6. Lembre-se de se tratar com respeito.
É claro que, assim como a validação com o outro, a autovalidação também é uma questão de prática, empatia, compaixão. E existem algumas “dicas” para tornar isso mais tranquilo e rotineiro.
– Diga a si mesmo: “Eu fiz o melhor que pude”, quando reconhece que realmente fez o que podia na situação.
– Ao notar “volume alto” e o tom crítico dos pensamentos, procure mudar o tom da sua voz interna e “baixar o volume” (às vezes a voz da nossa mente grita ou é irônica). Faça isso mesmo que não consiga mudar o conteúdo da frase. Exemplo: “Puxa, não conseguir concluir isso?”. Pense no tom crítico e depois em um tom amoroso. Sente a diferença?
– Diga a si mesmo: “Tudo bem sentir isso” . Especialmente quando nota que está julgando uma emoção sua que está presente.
– Use o humor, dê um apelido para sua mente. A minha se chama Sophie, eu a imagino como uma mulher parisiense, com echarpe esvoaçante e um cigarro de piteira, tendo atitudes um tanto dramáticas e gesticulando com os braços. Digo mentalmente “Obrigada Sophie”, toda vez que me noto tendo pensamentos mais extremos e catastróficos. Ou simplesmente diga “Obrigada mente”. Isto pode ajudar a trazer mais leveza quando notamos pensamentos desagradáveis e nada efetivos surgindo.
É importante lembrar que a autovalidação é uma habilidade que pode ser desenvolvida e, como qualquer coisa nova que nos deparamos, melhora com a prática. Então, vamos treinar?
Para saber mais sobre a validação emocional que comentei antes, acesse: http://rafaelaklaus.com.br/validacao-emocional-o-que-e-e-como-usa-la/