Contribuição para a Revista Donna 09/06/2019, por Camila Maccari
Conhecer os filhos do novo parceiro ou da nova parceira é uma cena cada vez mais corriqueira. Dados do IBGE mostram que um em cada três casamentos terminam em divórcio no Brasil. Também há pesquisas, como uma realizada pelo Relationship Research Institute, em Seattle, nos Estados Unidos, que mostra que o divórcio atinge 25% dos casamentos até cinco anos depois do primeiro filho.
Por mais que a situação possa causar estranhamento, principalmente se essa é a primeira vez que você passa por isto, não há por que ficar reticente. Para a psicóloga Taís Carvalho, basta ter em mente o respeito pelos filhos do parceiro, bem como pela relação que esta família possui antes da sua chegada.
Além disso, a relação madrasta-enteados será única e de forma alguma deverá ser a substituição de um dos pais. O lugar da madrasta será construído dia a dia na relação e nas experiências vividas juntos. O melhor jeito de se aproximar dos enteados é ser verdadeira, paciente e consciente que o parceiro sempre será o pai ou mãe dos filhos antes de ser seu (sua) companheiro (a) – completa.
Taís e a também psicóloga Rafaela Teló Klaus conversaram com a Revista Donna sobre dicas de como lidar com este momento.
Converse (muito) com o parceiro
Rafaela explica que é um momento importante para todo mundo, mas o casal quem decido quando vai acontecer. Por isso, precisa haver muita conversa e o sentimento de segurança dentro da própria relação: – Todos devem estar confortáveis. É importante que não se sinta obrigada a conhecer a criança. Converse com ele sobre a situação do pequeno, se quem divide a paternidade também considera esse um bom momento, se a criança já sabe que existe uma outra pessoa na vida desse pai ou mãe. Quando tudo está claro entre esse novo casal, fica mais fácil alinhar expectativas.
Prepare-se
Aproveite o tempo que você tem até conhecer, de fato, o filho do parceiro para saber o máximo que você puder sobre ele. Para Rafaela, encontrar uma criança ou adolescente e mostrar de forma natural que você sabe um pouco sobre ela faz com que ela se sinta mais segura e amada. – Também pode ser que você descubra algum ponto em comum e possa aproveitar e explorar isso. As afinidades são uma ferramenta importante de aproximação e funcionam com qualquer idade, mas apenas se forem espontâneas – aconselha a psicóloga.
Escolha uma programação breve
Não tem como prever a reação de ninguém no primeiro encontro – pode ser que todo mundo se sinta à vontade, pode ser que rele um climão. Leve isso em conta na hora de propor a primeira programação que farão todos juntos. – É melhor prever algo que dure algumas poucas horas, como um passeio no parque. De qualquer forma, essa vai ser uma aproximação que ocorre aos poucos – diz Rafaela.
Evite trocas excessivas de carinho
Evitar troca excessiva de carícias ou a demostração de muita intimidade entre o casal no primeiro momento para não causar nenhuma situação de desconforto.
Respeite o processo
Para Taís, ainda é comum que a sociedade veja a madrasta de duas formas: ou uma substituta da mãe, que ama incondicionalmente, ou como aquela dos contos infantis, que vai fazer de tudo para tirar o pai de perto das crianças: – A visão sobre a maternidade romantizada vem sendo questionada, mas ainda segue no imaginário popular. O que pode fazer com que a madrasta sinta-se obrigada a amar incondicionalmente os filhos do parceiro e não consiga ser espontânea na construção dessa relação. Da mesma forma que imaginar que as crianças irão vê-la somente com uma “megera” também pode pressioná-la. Ela lembra mulheres que não são mães não necessariamente terão mais facilidade no processo. – Elas precisam ter cuidado nas comparações do tipo “o que sentem pelos seus filhos versus o que sentem pelos enteados”. O amor por cada filho sempre é um. Pelos enteados, também será.
Texto publicado originalmente em: Revista Donna 08-09/06/2019
Oi Rafa! Adorei o texto! Parabéns pela matéria! :))
Oi Eve, que bom saber que gostou! Obrigada!