Hoje venho dividir com vocês algumas reflexões que, com frequência, surgem em minha mente. Muitas vezes me deparo observando em meu comportamento a seguinte questão: o que costumo fazer quando me sinto não entendida, excluída ou pouco importante na vida de alguém?
Depende…Depende da pessoa, do grau de importância dela da minha vida e do contexto em que o fato aconteceu. Posso dizer que, normalmente, o meu automático é ficar mais quieta, me retirar e ficar ruminando junto com a minha tristeza, que muitas vezes vem acompanhada de raiva, também. Percebo que nesses momentos penso em muitas coisas que gostaria de ter dito: desde um extremo agressivo, expondo toda a minha raiva; para o outro extremo – passivo, não falando nada e deixando o tempo passar enquanto faço de conta de nada aconteceu, aumentando a minha frustração.
O processo de pensar e repensar, às vezes exaustivo, leva um tempo. Não sei exatamente quanto tempo, mas me deparo pensando no assunto várias vezes durante o dia, quando não por vários dias…
Muitas vezes busco auxílio “dos universitários”: procuro um amigo para desabafar, organizar a minha mente e tentar encontrar uma solução que acomode melhor o barulho dentro da minha mente, fazendo com que as vozes baixem o volume. E o próprio processo de pedir essa ajuda, gera vergonha e, também, culpa. Vergonha por expor meus pensamentos, que muitas vezes não me orgulho, e culpa por demandar a atenção do outro para um assunto que às vezes não lhe diz respeito.
Apesar de tudo isto que acontece dentro de mim, peço ajuda a alguém próximo e “alugo o seu orelhão”. No início é difícil, mas depois que começo a falar fica menos complicado. O que tenho notado é que as pessoas que tenho escolhido fazer isso, mesmo ocupadas e com suas demandas pessoais, encontram um tempinho para me ouvir. Mesmo quando não me falam muita coisa, estão ali comigo. Percebo, e às vezes elas mesmas verbalizam, que se sentem bem ao serem solicitadas.
Lembrar que me sinto importante quando as pessoas me procuram pedindo ajuda, faz com que tenha mais coragem para fazer o mesmo. Outro ponto que me encoraja, é colocar os pesos na balança: e o custo de não compartilhar o que sinto é mais pesado e danoso, pois gera mais ruminação e distanciamento das pessoas.
Dividir meus pensamentos, sentimentos e sensações, ajuda a ampliar a consciência dos fatos da situação e as experiências internas. Fazer isto é dar “um passo de formiguinha” para sair da minha zona de conforto. É como um ensaio, uma preparação para falar e poder revelar diretamente para a pessoa envolvida na situação o que preciso de forma adequada e amorosa, o que estou vivenciando. Tenho assim a oportunidade de organizar a mente e colocar em ordem de prioridades os objetivos que quero atingir, o cuidado com a relação com a pessoa envolvida e o autorrespeito.
Quando finalmente percebo que estou pronta para dar um passo a mais, ou seja, falar sobre meu incômodo e de fato o faço, costumo notar um misto de várias emoções… mas normalmente a raiva nesses momentos já baixou e consigo falar sobre ela, sem estar atividada, falando a partir de outras emoções. O medo normalmente é o mais perceptível, medo de magoar o outro, do outro não me entender, de me expor demais. Perceber o medo é também um recadinho para eu ficar atenta ao escolher as palavras e tom da minha voz para aumentar as chances de ser melhor compreendida.
Resgatar e manter a relação, falar sobre como me sinto com a pessoa, são ações que geram muita intimidade! E é isto que eu mais gosto na relações: poder ser eu mesma, autêntica, honesta, cuidadosa e amorosa, e que o outro fique livre para fazer o mesmo, ser ele mesmo comigo.
O que percebo, é que nem sempre alcanço meus objetivos, mas compartilhando minhas experiências as relações ficam mais próximas, mais claras e mais íntimas, e eu mais feliz comigo mesma! Aumentar a conexão com as pessoas é um desafio e uma experiência transformadora. Estar atento ao que acontece no ambiente e dentro de si, ter coragem para expressar o que percebo e fazê-lo com amorosidade é um caminho.
Qual o caminho que você escolhe?
Fonte: http://terapiascontextuais.com.br/como-aumentar-a-conexao-com-as-pessoas/